O texto consiste em uma análise socio- lógica do documentário Quem matou Eloá (Lívia Perez, Brasil, 2015), sobre o sequestro e assassinato da adolescente Eloá Cristina, de 15 anos, por seu ex-namorado, Lindemberg Alves, de 22 anos, em Santo André, SP, em outubro de 2008. O sequestro repercutiu na televisão brasileira, terminando com uma intervenção malsucedida da Policia Militar e a morte de Eloá. Na época, sustentou-se na televisão o discurso de que o crime resultava de uma “crise amorosa” de Lindemberg após o fim do relacionamento. O artigo então discute conexões entre os processos de significação cultural tanto da violência contra as mulheres quanto dos relacionamentos amorosos e a participação de meios de comunicação nesses processos. Adota-se a sociologia do cinema de Pierre Sorlin, buscando fragmentos de ideologia evocados no filme, enquanto este constrói uma crítica distanciada do caso em relação ao papel sensacionalista da cobertura televisiva à época.
This paper consists of a sociological analysis of the documentary "Quem Matou Eloá" (Lívia Perez, Brazil, 2015), about the kidnapping and murder of 15-year-old teenager Eloá Cristina by her ex-boyfriend Lindemberg Alves, 22, in Santo André, SP, in October 2008. The kidnapping reverberated on Brazilian television, ending with an unsuccessful intervention by the Military Police and the death of Eloá. At the time, the television sustained that the crime resulted from a "love crisis" of Lindemberg after the breakup. The paper addresses connections between processes of cultural significance of violence against women and love relationships, just as the participation of the media in these processes. Pierre Sorlin's sociology of film is adopted, seeking fragments of ideology evoked in the film, while it builds a distanced critique of the case concerning the sensationalist role of television coverage at the time.
Le texte se compose d’une analyse sociologique du documentaire Quem matou Eloá (Qui a tué Eloá - Lívia Perez, Brésil, 2015), sur l’enlèvement et le meurtre de l’adolescente Eloá Cristina, 15 ans, par son ex-petit ami, Lindemberg Alves, 22 ans, à Santo André, SP, en octobre 2008. L’enlèvement a eu une grande répercussion à la télévision brésilienne et s’est achevé par une intervention inéficace de la police militaire et la mort d’Eloá. À l’époque, le discours soutenu par la télévision a été que le crime résultait d’une « crise d’amour » de Lindemberg liée à la fin de leur liaison amoureuse. L’article aborde ensuite les liens entre les processus de contenu culturel, aussi bien de la violence à l’égard des femmes que des relations amoureuses et la participation des médias à ces processus. La sociologie cinématographique de Pierre Sorlin est adoptée, tout en cherchant des fragments d’idéologie évoqués dans le film, tandis que ce dernier construit une critique lointaine de l’affaire par rapport au rôle sensationnaliste de la couverture télévisuelle de l’époque.